Egiptofilia

 

    Quem estuda ou até mesmo gosta desta civilização milenar possui em sua mesa, escrivaninha ou até mesmo na sala de estar, uma estatua de um deus ou faraó. Possui pendurado em paredes um papiro, ou outras coisas que remetam ao Egito antigo. Esses objetos não mudaram o significado quando postos em um canto da casa, por exemplo, uma estatua de Isis continua tendo a mesma função que tinha, ou a mais próxima possível, proteger e embelezar um canto da casa. Este tipo de prática é conhecido como Egiptofilia, ou seja, “o gosto pelo exotismo e a posse de objetos relativos ao Egito antigo.”[1]

    Este tipo de filia é anterior a da egiptologia. Ela vem desde o fim do império egípcio, um exemplo claro disso antes da era comum é o caso do imperador romano Augusto que providenciou o translado de monumentos egípcios para Roma. Seu objetivo fazendo isso foi simplesmente o mesmo dos grandes faraós, mostrar seu grande poder aos seus súditos. Durante o século XVIII Maillet vai pensar em dar destaque a alguns dos monumentos egípcios, tendo a idéia de transportar a coluna de Pompeu para a capital francesa. “Maillet pensa em fazer transportar para a capital francesa um monumento digno dela... a coluna de Pompeu de Alexandria! Somente as dificuldades de operação o obrigarão a renunciar à idéia.”[2].

    Com a chegada da esquadra de Napoleão veio junto um barão, Dominique Vivant Denon, que é o criador do museu Napoleão, ou seja, o atual museu do Louvre. De fato a egiptologia atual deve muito a obra publicada por Vivant Denon Le Voyage dans la Haute Égypte pendant les campagnes du Général Bonaparte, que alem de fazer renascer o antigo Egito, vai junto com Description de l’Égypte culminar em roubos de antiguidades, esses roubos irá ajudar na tradução dos hieróglifos por Champollion.

    Esses saques foram iniciados na verdade pelos próprios egípcios, tendo relatos de faraós que roubavam sepulturas de outros faraós. Como também já mencionado, os próprios romanos também furtaram artefatos egípcios, no século XIX os cônsul que se firmavam no Egito eram os mais bem situados para obter a permissão para explorar e escavar o Egito, pois trocavam mão-de-obra local pelas maquinas necessárias à indústria nascente. Vai ser estas praticas de Egiptofilia que dará inicio aos acervos egípcios em museus de todo o mundo.

 


[1] BAKOS, Margaret. Egiptomania: O Egito no Brasil. São Paulo: Paris Editorial, 2004, p.: 10.

[2] VERCOUTTER, J. Em busca do Egito esquecido. São Paulo: Objetiva, 2002. Ilustrado. p.: 33.